terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Rolê com os homi

Quinta-feira, dia de karaokê no bar da Sorbonne. Vamos todos com suas respectivas garrafas de vinho de 3 euros do Carrefour e entramos no bar, cujos atendentes já nos conhecem e já são quase amigos. Bebemos sambuca e (segundo fontes seguras) outros vários shots oferecidos por nossos amigos atendentes do bar. Cantamos "kiss me" (eu esqueci a letra na metade, porque já tinha tomado sambuca e a letra não aparece naquela tela com imagens bregas ao fundo como no Brasil. Aqui o modo é hard que é pra ver se quem sabe faz mesmo ao vivo). Cantamos "valerie" e sabe deus mais o que. O único ponto negativo dos bares parisienses é que eles fecham às 2 da manhã, hora que a brincadeira tá só começando no Brasil. Às 2:00 o metrô também já fechou. Ou seja... Você tá na merda meu querido! Dentro do nosso grupo, as bicha e as piriga queriam balada e eu queria ir pra casa. Uma gringa espirito de vovó como eu topou meu plano de ir pra casa e lá fomos nós. É bom esclarecer que eu não aprendi a pegar o ônibus aqui e que às 2:30, depois de sambuca(s) não era o momento pra aprender. Fomos até o ponto mais próximo e o moço nos informou que não era ali. Não entendi aonde era. Fudeu. A gringa falou "vamos pegar um táxi" e eu concordei. Quando o táxi parou, porém, eu mudei de opinião e resolvi que iria pegar o ônibus, afinal estou em Paris, isso aqui não é Bangu! Show, falei com a gringa: vou de ônibus, tá de boa. Ela gritou comigo e disse que era pra eu entrar no táxi, mas eu (obviamente) não entrei porque ninguém me manda! Incapable of making alright decisions and having bad ideas (I feel you arctic monkeys). Ok, eis que estava eu sozinha as 3:00 da manhã no meio do nada caminhando a procura da batida perfeita e de casa! Andei não me lembro por quanto tempo é ai a polícia chegou ("corre, os homi tão aí". Meu primeiro instinto foi pensar em correr, como brasileira que sou) mas fique na moral, afinal eles tinham uma viatura e eu não estava preparada para encarnar o queniano e mandar uma meia maratona naquele momento. Os PM vieram falar comigo:
- Moça você tá bem? 
Ao que eu respondi num francês tão perfeito que nem pensei que fosse eu mesma falando: 
- Tá tudo certo, ninguém vai me prender! 
- Você tá perdida?
- Sim, MAS NINGUÉM VAI ME PRENDER (queria deixar isso bem claro no momento). Como faço pra chegar em République? 
- É um pouco longe daqui, podemos te dar uma carona (?????)  
- Ninguém vai me prender, porque eu não fiz nada de errado... 
- Moça, calma, queremos te dar uma carona. Não te prender, fica tranqüila!
Confesso que me imaginei virando sensação do YouTube, dizendo que a lei não tem eficácia ou que eu não ia dançar pra ninguém, porque meu pai vai me matar (procurem esses vídeos no YouTube), mas aceitei porque afinal "party girls don't get hurt" (exceto em Bangu).
Entrei no camburão (risos eternos) e tinha uma grade que me separava dos homi. Entrei em desespero e falei que se me prendessem eu ia chamar a dilmãe e a embaixada brasileira.
Todos riram, menos eu.
Confirmei o endereço, achando que aquilo era o UBER. Comecei a bater papo e não é que os PM eram da quebrada, galera maior gente boa. Me deram dicas e tudo mais e me deixaram em casa são e salva. Mandaram eu me cuidar e que se precisasse era só chamar. A missão foi cumprida. Larguei de barriga Winking face

"Não tentem repetir isso em casa"

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Sobre a ida à Portugal

21/12/2014
Primeiro, vamos pensar que hipoteticamente eu não me planejei pra semana de Natal e que hipoteticamente a pessoa que ia passar o Noel comigo achou que as passagens estavam muito caras e que hipoteticamente eu preferi ir de ônibus pra Portugal para ter companhia do que ficar na França sozinha...
Bom, isso aconteceu. As passagens de avião estavam um absurdo e lá fui eu de busão para Lisboa pensando que pior do que no Brasil não poderia ser. Mas, como um tapa de luva na minha cara foi pior sim, muito pior. PRECISAMOS PARAR DE MENOSPREZAR O BRASIL. Nosso país é o melhor país do mundo (essa foi uma das constatações que eu tive no ônibus).
O que rolou foi o seguinte: não quero entrar em esteriótipos, mas meu senhor sacramentado, português é de fato meio burrinho. Me desculpem a franqueza, mas vamos lá analisar os fatos. A pessoa demora duas horas pra colocar as malas no bagageiro e conferir passagem por passaegem, nome por nome. Depois essa mesma pessoa demora mais 2 horas para conferir mais uma vez as passagens para os passageiros entrarem no ônibus. POR QUE CONFERIR DE NOVO O QUE VOCÊ ACABOU DE FAZER????? Praticidade minha gente, ou confere lá ou confere cá. E outra, por que uma só pessoa para fazer isso? Coloca outro funcionário lá na porta. Enquanto um coloca as malas no ônibus o outro confere as passagens, é simples! E para comprovar de vez que as piadas de português tem um fundo de verdade, essa mesma pessoa que fazia o trabalho de bagageiro e porteiro e motorista me pergunta aonde vou ficar em Lisboa:

- Sete Rios ou Oriente? 
Ao que eu respondo: "Oriente". 
- Então tá, esta senhora vai pra Sete Rios (!!!) 
- Não moço, eu disse Oriente (e nisso foram-se 5 minutos de OrienteSete RiosOrienteSete Rios). A piada de quantos portugueses são necessários pra trocar uma lâmpada nunca fez tanto sentido! (São três, a propósito, um pra subir na escada e dois pra girarem a escada hehe)
Entrando no ônibus vem a surpresinha. Não tem lugar marcado (You gotta fight for your rights) e eu brazuca da zona sul não sou adepta do empurra pra sentar. Ingênua que sou, fui tentar achar uma janela. Não tinha. Apenas uma restava. No último banco do ônibus, que é igual aos ônibus municipais do Brasil, não tem banheiro (sim, foram 22 horas sem banheiro) e lá no fundo são 5 bancos grudadinhos com o gugu. Bom, sem opção, lá fui eu e eis que me deparo ao lado de a família daquelas típicas da praia de domingo, que estão preparadas para a guerra. Com direito a isopor, farofa, frango e até couve flor (se meu olfato não está enganado) e ainda com um bônus de natal e nada menos do que 6 crianças incontroláveis, as quais eu apelidei de kibe (ele era igual a um kibe), filho do capeta 1, filho do capeta 2, Lúcifer (luci), Belzebu e Satã. Essas crianças choravam, gritavam, chutavam o coleguinha e nada era feito. Assassinei elas na minha cabeça algumas vezes (me desculpem o instinto assassino, mas ninguém naquele ônibus me recriminaria, nem os próprios pais). Ah, acho bom esclarecer também que as famílias que se sentavam perto de mim não tomavam banho há alguns dias, o que é claro tornou tudo mais divertido.
Por fim, o motorista português (o mesmo do bagageiro e das passagens e que se chamava MANOEL!!) era um grande piadista. Ele tinha um microfone. Sim, o véio tinha um microfone pra falar quando quisesse com a galera. Ele começou o seu stand up dizendo: "Eu só falo português, russo e polonês, mas acho que será melhor falar em português. Se alguém não me entende, sinto muito. Alguém não entendeu?" (todos encaram com cara de pastel). Apenas umas 4 pessoas falavam português no ônibus. E ele continuou: "Bom, queria desejar um feliz natal a todos, uma ótima viagem e dizer que aviso quando formos parar para irmos à casta de banho (banheiro no nosso português). Todos de acordo? (todos encaram e piscam). Então é isso aí, vocês querem que apague a luz??? Querem????" O cara era um animador de colônia de férias com um microfone falando português para um bando de franceses. E assim ele foi por mais meia hora, até cansar do microfone. Mas ele voltava ao longo da viagem e dava recados, mandava piadas e histórias, as quais, mais uma vez, só eu e mais umas 3 pessoas compreendíamos,
A viagem não tem panejamento como no Brasil. o motorista para aonde quer, abastece o ônibus no meio da viagem quando acha um posto mais barato e fala o que quiser no microfone. Foram 22 horas nesse caos, num banco que não era confortável e que não inclinava. Nesse ponto não podemos reclamar do Brasil. Viajar de busão lá não é essa loucura não!

Apesar de tudo isso, foi ótimo chegar em Lisboa e ser recebida pelos brazucas com um choconhaque dos deuses (arrasou Mirian, muito obrigada!).

*A empresa do ônibus era portuguesa e os seus funcionários também, só esclarecendo!

- choconhaque da Mirian

- os BR sem noção


- nossa ceia

- Oceanário de Lisboa



- foto do metrô (tendência portuguesa)




quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Primeiras impressões

14/12/2014
Uma semana em Paris.
Bom, pra começar chegar aqui já foi uma aventura, tudo novo. Eu não entendia e ainda não entendo muita coisa do que o parisiense fala (tirem o ovo da boca, s'il vous plaît), mas deu tudo certo.
Engraçado mesmo (e por engraçado eu quero dizer desesperador) foi chegar no metrô e ver 1000000000000 linhas (e eu que reclamava que a Cardeal Arcoverde é grande demais, não conhecia o que era a estação République). Me entender com o mapa foi um desafio, porque a linha aqui não é linha é um labirinto do fauno. Não vou nem entrar no mérito de que eu uso o metrô no Rio para ir da Cardeal Arcoverde para Botafogo, quando muito para ir até a Central .
Bom, mas com relação as minhas primeiras impressões sobre a cidade luz:

  • pessoas adultas andam de patinete (homens barbados, mães, pais, vovôs. All the cool kids are doing it!);
  • as pessoas saem do vagão do metrô para você sair! Sim, ninguém te empurra, agride, xinga a sua mãe. Não é preciso ficar do lado da porta para sair, porque as pessoas vão te dar licença (quem já desceu na central às 18:00 sabe o que é ser expelido pra fora de um vagão);
  • o banheiro para tomar banho é separado do banheiro que tem o vaso sanitário (toilet e sale de bain);
  • TODO MUNDO te dá bom dia e ai de você se não responder!
  • água custa caro, muito caro;
  • vinho custa barato, muito barato;
  • o Mc Donald's (Mc Dô) é mais gostoso que no Brasil;
  • beber sambuca é sempre um erro;
  • chupitos são demais (please come to Brazil);
  • "pré" em Paris é vinho, brie, geleia e pão com as amigas;
  • a balada ostentação daqui samba, digo, valseia na cara da balada ostentação do Brasil;
  • crianças pequenas andam sozinhas nas ruas (o que as vezes me faz pensar que na verdade são anões, quando olho de longe);
  • e por fim, brasileira é tudo puta (TÔ DE BRINKS!! Muito embora tenham de fato oferecido 10 - míseros - euros para uma amiga fornecer ~~alguns serviços privados~~).
Tentarei continuar postando minhas impressões, críticas e elogios a quem possa interessar.
Au revoir!